5/06/2008

Gasto ou investimento?


Parece que o skate é mesmo um negócio de milhões. Milhões de skatistas, milhões em dinheiro. Se não fosse isso, como se justificaria a compra de marcas de skate por outras gigantes, como a Nike, a Timberland, a Quicksilver e Billabong... Os caras dominam tudo e ditam as regras de algo que a gente que anda de skate (bom, não se pode generalizar) sempre defendeu, que é a nossa identidade e a identidade de algo que amamos. O mais engraçado é ver que os investimentos de milhões de dólares, ao menos no Brasil, acabam sempre virando uma tragicemédia, onde apenas alguns dão saudáveis risadas. É tão comum ver empresários sempre falarem que o mercado está uma merda e que os negócios vão mal, ao mesmo tempo que gastam um bom dinheiro para saber quantos skates existem no lar brasileiro... E o skatista onde fica nisso tudo? Muitos vivem de glamour de um patrocínio, que na realidade não é tudo o que o pessoal que lê revistas ou assiste vídeos pensa. Muito "bling bling", mas o cara tá lá, encarando um ônibus ou metrô para fazer algo que com ou seu patrôcínio, faria, que é andar de skate (salvo alguns "sem alma"). O número de pessoas que vivem o skate e do skate ainda é pequeno e isso acaba gerando uma falsa esperança em um monte de gente que só compra esse glamour, mas não conhece de verdade os bastidores. Quando as pessoas que fazem o skate acontecer, seja em cima dele, ou fotografando, ou digitando em um computador ou mesmo tento que aturar empresários que querem cada vez mais e revertem cada vez menos para o seu ganha pão posam de "empresários de sucesso". O mais engraçado é que nos anos 80 se falava muito que tudo mudaria quando os skatistas estivessem do outro lado, nas empresas, mas parece que isso vai demorar um pouco a acontecer, pois por enquanto, a maioria ainda é testa de ferro para mané que acha que patrocinar é um gasto e que aquele cara que passa o dia sem fazer nada, só na rua, andando de skate, ganha demais... Alguém já ouviu falar que talento não tem preço??

Esse discurso não é novo não e, desde que me conheço por skatista é a mesma coisa. A merda é que, quanto mais o tempo passa, mais parece que um relacionamento legal entre patrocinador e patrocinado está longe de acontecer. Uma verdadeira Utopia.

Claro que existe um monte de gente bem intencionada e que realmente quer fazer a máquina girar, apoiando skatistas e suas idéias e fazendo o que está dentro do seu alcance para que as coisas aconteçam... Bem, como diria aquele hippie pelado numa cama ao lado de sua esposa oriental, o sonho não acabou!

2 comentarios:

Anónimo dijo...

Total Utopia

Rafael Bernardes dijo...

Tu tocou num ponto que eu não tinha parado pra pensar. Realmente, no fim dos 80 se falavam que quando os skaters estivessem do outro lado, tudo seria diferente. Passados 20 anos o que podemos dizer desse "tudo"?
Eu nunca estive de nenhum lado, posso estar enganado, porém as reclamações dos amadores e profissionais soam menos que antigamente. Porém um ponto é unânime:
O cara que anda só pra campeonatos, pra uma empresa/marca patrocinadora, sempre será O cara!