5/19/2008

O que é a evolução?


Semana passada recebi um texto do Cesinha Chaves falando sobre como pode ser encarada a evolução no skate e, usando como metáfora o rock, Cesinha coloca seu estilo em um texto que, no final, apesar de convidar para uma reflexão, me parece um pouco taxativo...

Ando de skate há menos tempos que o Cesinha, muito menos tempo, para ser mais exato e, por isso mesmo, vi muito menos fases do skate. Nos anos 80, quando comecei, quem reinava era o vertical e o freestyle. O street começava a ganhar força, mas confesso que, se analisar bem, o street (modelidade que escolhi, por ter medo e pela falta de base para dropar um half!) era meio ridículo naquela época, com todos seus plants e a obrigação de que você fosse um punk enjoado que mandava todos se fuderem ou pagasse de bad boy com a molecada mais nova. Eu, nessa época era um moleque mais novo... Era é a época dos rockstars do skate, e mesmo que fosse você apenas um amador com um certo reconhecimento, de tava a chance de ser o cara mais tipo do mundo... Enfim, a década trocou, o vert foi pro espaço, com meia dúzia de gatos pingados andando e o freestyle morreu e foi enterrado. Até o maior freestyler do mundo migrou para o street. Nos anos 90 as calças cresceram demais e as rodas viraram capas de rolamento. O street virou o foco e as manobras eram feitas em uma velocidade que até tartarugas te ultrapassariam sem ao menos precisarem de vácuo! O pressure, talvez a manobra mais ridícula e "comedora" de shapes era obrigatória. Tiozinhos que andavam de skate eram tirados, como se o que fizessem no usasse a mesma base de uma tábua com 4 rodas. O skate virou uma das coisas mais preconceituosas que existia. Tinha que escutar hardcore melódico ou rap e se enquadrar no sistema, usando as mesmas roupas, escutando a mesma música e fazendo as mesmas manobras. A única vantagem é que, depois da queda do mercado no começo da década, parecia que o skate finalmente se firmaria e que o sonho não voltaria a acabar como em outras vezes. Brasileiros começam a ganhar o mundo e Bob vira o embaixador do skate brasileiro e rei do switch, uma das tarefas obrigatórias de qualquer skatista que se "desse ao respeito" nos anos 90...

Chegam os anos 2000 e, confesso que, no princípio de década, pelo menos no Brasil, parecia que a coisa não mudaria muito, apesar das calças já terem diminuído bruscamente e as rodas terem crescido. Stacy Peralta mostra pra todo mundo como era o skate nos anos 70 e ser old school vira febre, até mesmo para os caras que falavam mal dos tiozinhos que só queriam vento na cara. Hoje, skatista dos anos 90 é old school... onde está a lógica nisso?? Bom, não há lógica, mas enfim... Calças muito, mas muito apertadas começam a surgir nos Estados Unidos e não demora muito para chegarem ao Brasil e, de uma hora para outra, uma legião de rappers viram covers de cantores de heavy metal. Isso parece uma crítica e até o é. Por outro lado, descobre-se que o skate é muito mais que apenas um estilo e todos podem ter o que lhe convém. Pode ser roupa larga ou apertada. Pode ser de switch ou na base normal. Alias, hoje em dia, tem muito skatista que tem um certo reconhecimento sem ao menos fazer uma manobra de switch. Imagina se isso fosse nos anos 90?? Fogueira pra ele! Me parece que estamos na melhor fase do skate, onde se atingiu tamanha madurez que se você for numa pista, seja ela com apenas um palquinho ou cheia de curvas, teu skate e te estilo serão reconhecidos. O skate é democrático. Posse fazer uma manobra de grab que ninguém vai me atirar uma pedra, ou até mesmo dropar um banks e apenas fazer curvas e carvings que terá alguém que vai te aplaudir. Como o próprio Cesinha escreveu no seu texto, que foi publicado no site da Tribo, "Skate é algo muito maior que apenas manobras. É um estilo de vida, instrumento de prazer, uma forma de expressão INDIVIDUAL, suor, alegria, amigos, viagens e mais, muito mais.", então porque se preocupar se há gente que quer tentar mil vezes a mesma manobra, só para ela sair em um vídeo ou foto. É justamente isso que faz o mercado girar e, de certa forma, ajuda a manter acesa a chama de algo que nós amamos, sendo ele feio, técnico, old school, punk ou gangueiro. Na realidade o skate, tirando coisas novas como a mega rampa acaba não evoluindo, apenas ganhando roupagem nova para coisas que a gente conhece há muito tempo, afinal, se tem gente que acha que combos de manobras é uma coisa suuuuper moderna, é porque nunca viu o Rogério Mancha, por exemplo, lá nos anos 90... Desde aí não aparece coisa nova de verdade e tudo não passa de uma releitura. Então, que a evolução também seja uma coisa individual e de cada um. Hoje, para mim, pessoalmente, evolução é poder andar de skate e aproveitar o máximo possível o que aprendi nesses 21 anos de carrinho...


No vídeo, uma pequena parte de tudo que um dos caras que ajudou a revolucionar o skate fez, antes mesmo dos tais anos 90...


4 comentarios:

Anónimo dijo...

Pois é KBÇA, resumindo. É skate.
Parabéns novamente pelo texto com muita dose de inteligência "Ácida", da mesma forma como fora escrito pelo Cesinha.
Go Ahead!!!
Adnan Paniagua

Breno Negreiros dijo...

Gostei dos textos.
Estava sentindo falta de ler umas paradas interessante na net.
Só não concordei com o seu adjetivo ao Pressurie.

Rafael Bernardes dijo...

Cara os dois textos fazem sentido, na minha opinião se completam.
E eu a m a v a dar pressurie.
aehuaehaheuaehauheuahea
Abraço.
Simpson.

Unknown dijo...

ninguem é certo quando o assunto é opinião, o que eu posso dizer sobre o Cesinha é que o cara sabe muito de skate, e é bom ouvir o que ele tem a dizer (apesar de não sempre concordar) para refletir mais sobre o skate atual.